terça-feira, 8 de janeiro de 2013

“10 Anos de Lei 10.639/03 Precisamos avançar..."


Pra alguns educadores e pessoas que acompanham e tem como militância a cultura negra e suas causas, tem na aprovação da lei 10.639/03 a maior conquista do movimento negro na ultima década. E não é por menos, nossos antepassados militantes já pregavam a importância de aprendemos nossas histórias, culturas e heróis sonhavam com este dia. A lei se torna então esse instrumento legislador sobre a difusão, agora oficial, dessas nossas histórias e culturas, já que falamos de Áfricas e não África.


Com a promulgação da lei, surgem dois fatores determinantes para sua implementação, já que no Brasil, algumas leis pegam e outras não. Os Fatores são; “Formação dos Professores (as)” e “Difusão de Materiais Pedagógicos”. Pensando muito sobre isso, trabalhamos na atuação nessas duas linhas, primeiro defendendo que sim, o profissional de educação precisa de formação, cursos de reciclagem, entrada de matérias nos cursos na faculdade e trabalho permanente nas unidades escolares. Atuamos com a disseminação de algumas praticas nossas para algumas escolas da região da Brasilândia, mais especificamente, e também de forma geral por meio de convites e palestras. Acreditamos que a difusão da pratica aguça o interesse e criatividade do professor (a).

Nossa segunda e maior área de atuação é na aplicação de materiais pedagógicos e criação deles, primeiro por meio das oficinas que realizamos, Ora com o Projeto já terminado “Escola da África” e também com oficinas esporádicas de jogos africanos, além de bate papos e rodas de conversa. Também acreditamos e sabemos da infinidade de materiais que escritores e editoras negras lançam no mercado a cada ano, porem o acesso a essas obras é dificultado aos educadores (as), então tentamos aproximar esse material também do corpo docente. Temos realizados de maneira concreta algumas publicações nesses anos de trabalho entre eles a Revista Escritos Negros, o Livro “Amor Banto em Terras Brasileiras” e por ultimo o primeiro Fascículo da Coleção Besouro “Contos de Monadenge”.
Essa nossa ação que queremos e precisamos intensificar mais nestes próximos anos são apenas gotas em um mar que precisa de fato crescer e encher.

Sabemos que ainda temos professores (as) desqualificados para se impor em situações de racismo, aplicar os conhecimentos africanos nas suas aulas, lidar com a diversidade religiosa, enxergar o mundo por outra ótica senão a Europeia. A implementação do plano de diretrizes se faz necessário e a participação de entidades, movimentos, coletivos, artistas, produtores e pessoas ligada à cultura negra é de fundamental importância, pois como todos sabemos as culturas negras, africanas e afro-brasileiras tem a “Oralidade” em seu DNA.  
Termino por aqui celebrando, de maneira tímida, mas celebrando uma década dessa lei que é fruto da luta de vários irmãos (e não digo intelectuais negros), mas irmãos nossos que derrubaram seus sangues, deram sua vida por esta causa, estudaram, viveram para que tivéssemos esse direito fosse garantido. E nosso Papel?
Pressionar, estudar, disseminar, implementar a lei na Pratica!

Asè

Israel Neto – Educador, MC, Escritor e Integrante do Coletivo Literatura Suburbana

Anexos:

PLANO NACIONAL DE IMPLEMENTAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ETNICORRACIAIS E PARA O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFROBRASILEIRA E AFRICANA - http://www.ifrj.edu.br/webfm_send/271

Revista Escritos Negros 1ª Edição –


3 comentários:

  1. Maravilhoso seu texto.Trabalho a muitos anos por uma educação anti racista e o caminho é este mesmo: Formar professores para redimensionar os seus olhares e buscarem saberes para encarar de frente o racismo oculto nos currículos e nas vivências...
    Asè.

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  2. Redimensionar os olhares para onde, cara pálida? Redimensionar o olhar para acreditar na militância esquerdista? Que dizer que a sociedade paga o seu salário para que você transforme os alunos em militantes?

    Vamos a um caso concreto: se um aluno for cristão e não quiser aceitar as lendas dos orixás africanos, você irá redimensionar o olhar do aluno, exigindo que ele acredite naquilo que você acredita? Eu tenho a mais absoluta certeza de que, para você, um aluno evangélico é a mais perfeita encarnação daquilo que é contrário a esse currículo étnico que vocês estão impondo...

    Eu não sou evangélico, mas também não sou tonto de acreditar que vocês querem o bem da humanidade.

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  3. Pedimos que se Identifique anonimo, até porque nós falamos quem somos, da onde somos e com quem andamos, e claro o que fazemos. E você?
    Bem convido para ir em qualquer atividade na periferia, onde o tema é consciencia negra ou africanidade e verá oque de fato é respeito a diversidade étnica e religiosa!
    Paz

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