Pra
alguns educadores e pessoas que acompanham e tem como militância a cultura
negra e suas causas, tem na aprovação da lei 10.639/03 a maior conquista do
movimento negro na ultima década. E não é por menos, nossos antepassados
militantes já pregavam a importância de aprendemos nossas histórias, culturas e
heróis sonhavam com este dia. A lei se torna então esse instrumento legislador
sobre a difusão, agora oficial, dessas nossas histórias e culturas, já que
falamos de Áfricas e não África.
Com
a promulgação da lei, surgem dois fatores determinantes para sua implementação,
já que no Brasil, algumas leis pegam e outras não. Os Fatores são; “Formação dos
Professores (as)” e “Difusão de Materiais Pedagógicos”. Pensando muito sobre
isso, trabalhamos na atuação nessas duas linhas, primeiro defendendo que sim, o
profissional de educação precisa de formação, cursos de reciclagem, entrada de
matérias nos cursos na faculdade e trabalho permanente nas unidades escolares.
Atuamos com a disseminação de algumas praticas nossas para algumas escolas da
região da Brasilândia, mais especificamente, e também de forma geral por meio
de convites e palestras. Acreditamos que a difusão da pratica aguça o interesse
e criatividade do professor (a).
Nossa
segunda e maior área de atuação é na aplicação de materiais pedagógicos e
criação deles, primeiro por meio das oficinas que realizamos, Ora com o Projeto
já terminado “Escola da África” e também com oficinas esporádicas de jogos
africanos, além de bate papos e rodas de conversa. Também acreditamos e sabemos
da infinidade de materiais que escritores e editoras negras lançam no mercado a
cada ano, porem o acesso a essas obras é dificultado aos educadores (as), então
tentamos aproximar esse material também do corpo docente. Temos realizados de
maneira concreta algumas publicações nesses anos de trabalho entre eles a
Revista Escritos Negros, o Livro “Amor Banto em Terras Brasileiras” e por
ultimo o primeiro Fascículo da Coleção Besouro “Contos de Monadenge”.
Essa
nossa ação que queremos e precisamos intensificar mais nestes próximos anos são
apenas gotas em um mar que precisa de fato crescer e encher.
Sabemos
que ainda temos professores (as) desqualificados para se impor em situações de
racismo, aplicar os conhecimentos africanos nas suas aulas, lidar com a
diversidade religiosa, enxergar o mundo por outra ótica senão a Europeia. A
implementação do plano de diretrizes se faz necessário e a participação de
entidades, movimentos, coletivos, artistas, produtores e pessoas ligada à
cultura negra é de fundamental importância, pois como todos sabemos as culturas
negras, africanas e afro-brasileiras tem a “Oralidade” em seu DNA.
Termino
por aqui celebrando, de maneira tímida, mas celebrando uma década dessa lei que
é fruto da luta de vários irmãos (e não digo intelectuais negros), mas irmãos
nossos que derrubaram seus sangues, deram sua vida por esta causa, estudaram,
viveram para que tivéssemos esse direito fosse garantido. E nosso Papel?
Pressionar,
estudar, disseminar, implementar a lei na Pratica!
Asè
Israel
Neto – Educador, MC, Escritor e Integrante do Coletivo Literatura Suburbana
Anexos:
Lei
10.639/03 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm
PLANO
NACIONAL DE IMPLEMENTAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO
DAS RELAÇÕES ETNICORRACIAIS E PARA O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA
AFROBRASILEIRA E AFRICANA - http://www.ifrj.edu.br/webfm_send/271
Revista Escritos Negros 1ª
Edição –
Maravilhoso seu texto.Trabalho a muitos anos por uma educação anti racista e o caminho é este mesmo: Formar professores para redimensionar os seus olhares e buscarem saberes para encarar de frente o racismo oculto nos currículos e nas vivências...
ResponderExcluirAsè.
Redimensionar os olhares para onde, cara pálida? Redimensionar o olhar para acreditar na militância esquerdista? Que dizer que a sociedade paga o seu salário para que você transforme os alunos em militantes?
ResponderExcluirVamos a um caso concreto: se um aluno for cristão e não quiser aceitar as lendas dos orixás africanos, você irá redimensionar o olhar do aluno, exigindo que ele acredite naquilo que você acredita? Eu tenho a mais absoluta certeza de que, para você, um aluno evangélico é a mais perfeita encarnação daquilo que é contrário a esse currículo étnico que vocês estão impondo...
Eu não sou evangélico, mas também não sou tonto de acreditar que vocês querem o bem da humanidade.
Pedimos que se Identifique anonimo, até porque nós falamos quem somos, da onde somos e com quem andamos, e claro o que fazemos. E você?
ResponderExcluirBem convido para ir em qualquer atividade na periferia, onde o tema é consciencia negra ou africanidade e verá oque de fato é respeito a diversidade étnica e religiosa!
Paz